Certa vez em uma das minhas leituras, assinalei
um trecho interessante em que os autores estabeleciam uma correlação entre a
vida e o caleidoscópio:
“É como se
a vida pudesse ser representada pelo caleidoscópio, onde algumas formas
simples, porém diferentes uma das outras
compõe e recompõem figuras que nunca se repetem. Talvez esta imagem seja a
metáfora que representa a complexidade dinâmica das configurações e
reconfigurações que estão presentes nos processos de desenvolvimento humano" (Ajzenberg, T.C.P; Cardoso, S.R.; Fernandes, M.B.; Lázaros, E.A.&Nogueira, C.R., 1998).
Não deixei de ficar tocada por
esta analogia, e pude perceber que havia uma profundidade inerente a este
discurso, que reverberava e poderia também ser utilizada para as relações sociais que o indivíduo estabelece durante sua trajetória,
sejam elas de ordem familiar, afetiva e profissional.
Dentro deste contexto, resolvi ampliar e aprofundar ainda mais minha reflexão e
pude trazer a metáfora do caleidoscópio para outras realidades que abarcam
semelhante interação dinâmica. Como por exemplo, para: o atual contexto econômico em
que ocorrem as tendências às fusões de empresas;
a união de grupos em busca de objetivos
comuns, a própria Era da Globalização
ou mesmo para funcionamento cotidiano dentro de uma organização, em que
pessoas com diferentes perfis e funções trabalham em prol da construção de
metas comuns, que certamente constituirá e refletirá uma única imagem para o mundo externo.
Creio que a diversidade e a flexibilidade
com que este brinquedo tem em se adaptar
às mudanças a que é submetido, formando novos quadros, espelha a
representação simbólica da manifestação
saudável do processo, de
como estar e interagir em determinado grupo.
Metaforicamente falando, organizações e indivíduos podem representar os diferentes fragmentos
que compõe o todo , com suas próprias características peculiares (perfis,
crença, filosofia e missão), que podem contribuir para a formação harmônica
de belas figuras (união em busca de
metas comuns e crescimento) e se alternarão de acordo com o momento e movimento presente (leis de mercado e sociais).
Fico pensando como seria,
se estas parcelas fossem todas de uma única cor. Talvez belas formas
pudessem surgir, porém a diversidade que está presente nos diferentes tons
(potencialidades específicas de cada membro) e a leveza com que cada fragmento
se locomove e interage com os demais não trariam a mesma beleza e a riqueza, se estas
diferenças não existissem. Esta construção não é estanque e nem poderia, se assim o fosse,
tal instrumento perderia a sua utilidade após a formação da primeira figura.
Infelizmente há muitos grupos e/ ou mesmo
organizações que se prendem à primeira imagem que já foi bela e teve sua
função, porém não percebem a emergência de um novo movimento que solicita a formação de uma nova configuração
(adaptar-se com novas formas de atuação à constante transição que ocorre na
realidade política e econômica do País e do Mundo). Tais núcleos acabam por perecer ou adoecer, devido
a não adaptação ao novo paradigma, pois
a resistência a esses processos de transição traz, além das dificuldades já
inerentes à trajetória evolutiva, mais um fator gerador de estresse, já que a adaptação à nova configuração é
imprescindível para a própria sobrevivência.
Portanto, ao verificarmos o
movimento de um caleidoscópio, aprendamos com ele!!! Pois ele pode trazer
através do equilíbrio harmônico da união das várias nuances e tons (parcerias);
a agilidade, a criatividade, a flexibilidade em se adaptar a novas realidades ,
e principalmente como resultado UMA BELA E AGRADÁVEL IMAGEM ao olhar atento do
observador (cliente final).
Shirleine Ap. Larubia Gimenes
Psicóloga (CRP 06/40017)
Sócia-proprietária do NDH
[1] Ajzenberg, T.C.P; Cardoso, S.R.; Fernandes, M.B.; Lázaros, E.A.& Nogueira, C.R., 1998). A Gênese
da construção da identidade e da expansão de fronteiras na criança, Revista da
Gestalt, São Paulo, nº 7, pg 43-48, 1998