segunda-feira, 1 de maio de 2017

Caleidoscópio - Uma metáfora para o trabalho em equipe



        Certa vez em uma das minhas leituras, assinalei um trecho interessante em que os autores estabeleciam uma correlação entre a vida e o caleidoscópio:
É como se a vida pudesse ser representada pelo caleidoscópio, onde algumas formas simples, porém diferentes  uma das outras compõe e recompõem figuras que nunca se repetem. Talvez esta imagem seja a metáfora que representa a complexidade dinâmica das configurações e reconfigurações que estão presentes nos processos de desenvolvimento humano" (Ajzenberg, T.C.P; Cardoso, S.R.; Fernandes, M.B.; Lázaros, E.A.&Nogueira, C.R., 1998).
            Não deixei de ficar tocada por esta analogia, e pude perceber que havia uma profundidade inerente a este discurso, que reverberava e poderia também ser utilizada para as relações sociais que o indivíduo estabelece durante sua trajetória, sejam elas de ordem familiar, afetiva e profissional.
            Dentro deste contexto, resolvi ampliar e aprofundar ainda mais minha reflexão e pude trazer a metáfora do caleidoscópio para outras realidades que abarcam semelhante interação dinâmica. Como por exemplo, para: o atual contexto econômico em que ocorrem as tendências às fusões  de empresas; a  união de grupos em busca de objetivos comuns, a própria Era da Globalização  ou mesmo para funcionamento cotidiano dentro de uma organização, em que pessoas com diferentes perfis e funções trabalham em prol da construção de metas comuns, que certamente constituirá e refletirá uma única imagem para o mundo externo.
 Creio que a diversidade e a flexibilidade com que este brinquedo tem em se adaptar às mudanças a que é submetido, formando novos quadros, espelha a representação simbólica da manifestação saudável do  processo, de como estar e interagir em determinado grupo. 
  Metaforicamente falando,  organizações e  indivíduos podem representar os  diferentes fragmentos que compõe o todo , com suas próprias características peculiares (perfis, crença, filosofia e missão), que podem contribuir para a formação harmônica de  belas figuras (união em busca de metas comuns e crescimento) e se alternarão de acordo com o momento e movimento presente (leis de mercado e sociais).
Fico pensando como seria, se estas parcelas fossem todas de uma única cor. Talvez belas formas pudessem surgir, porém a diversidade que está presente nos diferentes tons (potencialidades específicas de cada membro) e a leveza com que cada fragmento se locomove e interage com os demais não trariam a mesma beleza e a riqueza, se estas diferenças não existissem. Esta construção não é estanque e nem poderia, se assim o fosse, tal instrumento perderia a sua utilidade após a formação da primeira figura.
 Infelizmente há muitos grupos e/ ou mesmo organizações que se prendem à primeira imagem que já foi bela e teve sua função, porém não percebem a emergência de um novo movimento que solicita a formação de uma nova configuração (adaptar-se com novas formas de atuação à constante transição que ocorre na realidade política e econômica do País e do Mundo). Tais  núcleos acabam por perecer ou adoecer, devido a não adaptação ao novo paradigma,  pois a resistência a esses processos de transição traz, além das dificuldades já inerentes à trajetória evolutiva, mais um fator gerador de estresse,  já que a adaptação à nova configuração é imprescindível para a própria sobrevivência.
Portanto, ao verificarmos o movimento de um caleidoscópio, aprendamos com ele!!! Pois ele pode trazer através do equilíbrio harmônico da união das várias nuances e tons (parcerias); a agilidade, a criatividade, a flexibilidade em se adaptar a novas realidades , e principalmente como resultado UMA BELA E AGRADÁVEL IMAGEM ao olhar atento do observador (cliente final).

Shirleine Ap. Larubia Gimenes
            Psicóloga (CRP 06/40017)
            Sócia-proprietária do NDH

 


[1] Ajzenberg, T.C.P; Cardoso, S.R.; Fernandes, M.B.; Lázaros, E.A.& Nogueira, C.R., 1998). A Gênese da construção da identidade e da expansão de fronteiras na criança, Revista da Gestalt, São Paulo, nº 7, pg 43-48, 1998